AS MASSAS TRABALHADORAS PRECISAM REFUNDAR O BRASIL
Em fevereiro a Arma da Crítica divulgou uma nota intitulada “Burguesia já trama substituir Bolsonaro por
Mourão para garantir as reformas regressivas”. Alertávamos que Bolsonaro poderia
não terminar seu mandato pelos seguintes motivos: (1) seu programa ultraliberal
provoca contradições no interior do próprio campo burguês; (2) Bolsonaro e seu entourage demonstram profunda
incapacidade em gerir o Estado burguês brasileiro, tornando-se disfuncionais à
reprodução da própria ordem burguesa; (3) Bolsonaro é incapaz de entregar a
reforma da previdência como quer o rentismo.
De fevereiro para cá a gravidade da crise aumentou. A
economia patina e já há quem fale que entraremos em depressão econômica. A
crise social é gravíssima. O desemprego atinge mais de 13 milhões de
trabalhadores. Quase 5 milhões já deixaram de procurar emprego. Mais de 33
milhões estão na informalidade. E recentemente o governo anunciou cortes de
verbas na educação em todos os níveis da ordem de 1/3 do orçamento com impacto
devastador na juventude.
Enquanto tudo isso
acontece o governo se enrola em conflitos internos. Promove brigas com o
Congresso e Forças Armadas. As investigações contra Flávio Bolsonaro têm o
potencial de desestabilizar o governo. Em resposta às manifestações de 15 de
maio, Bolsonaro reage e convoca mobilizações de apoio ao seu governo para 26 de
maio. Aliados condenam essa estratégia de enfrentamento, pois caso tenha baixa
adesão pode selar o destino do governo.
O fato mais importante na conjuntura é a entrada em cena de
milhões de trabalhadores e da juventude secundarista e universitária. As
grandes manifestações de 15 de maio, reunindo milhões em todo o país, mostraram
a estafa, em menos de 6 meses, de largos setores populares com o governo
Bolsonaro e seu programa ultraliberal. As manifestações provocaram rachaduras
no interior do bloco governista e na própria burguesia. Esta, temendo que ganhe
corpo a tendência exibida nas passeatas de uma radicalização popular à
esquerda, já falam abertamente na saída de Bolsonaro. Querem uma alternativa
que possa reduzir a tensão social latente.
Às massas trabalhadoras não interessam saídas políticas que
possam preservar o essencial do governo Bolsonaro: sua agenda ultraliberal de
destruição do país em favor das classes dominantes e do imperialismo. Mourão e
Maia, assim como uma saída parlamentarista, não interessam ao povo. Nem
tampouco podemos esperar a eleição de 2022. É preciso derrotar Bolsonaro agora!
Varrer do país toda a política ultraliberal que tem aprofundado a pobreza e a
miséria do nosso povo. E construir um novo sistema político em que o poder
esteja efetivamente nas mãos das massas trabalhadoras.
Para isso é preciso que a grande energia social que saiu às
ruas em 15 de maio aponte para aquilo que podemos definir como a refundação do
Brasil. Esta deve ter por orientação suprema colocar o interesse do trabalho e
do povo acima do interesse do capital. Que seja capaz de derrotar o rentismo e
o processo de espoliação do povo e do país. Que cesse o pagamento da dívida
pública enquanto esta não passar por rigorosa auditoria. Que volumes crescentes
de dinheiro sejam aplicados em saúde e educação públicas de qualidade. Que pare
a tramitação da reforma da previdência. Que se revogue a reforma trabalhista e
a Emenda 95 que impõe teto nos gastos públicos.
Para tanto é preciso manter as manifestações. Dia 30 de maio
temos de construir uma mobilização ainda maior. E aprofundar a organização nos
locais de trabalho, estudo e moradia. Só as massas trabalhadoras podem salvar o
país.
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Dia 30 será maior
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Todo o poder às massas trabalhadoras
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Pelo socialismo
Brasil, 21
de maio de 2019.
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