A MORTE DE 100 MIL BRASILEIROS É A FACE BRUTAL DO AJUSTE ULTRALIBERAL DE BOLSONARO/PAULO GUEDES

 O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil pessoas mortas pelo coronavírus. Não foram vidas perdidas para a doença, mas vidas sacrificadas por uma política claramente genocida do governo Bolsonaro/Paulo Guedes. Uma política que não é fruto da ignorância anticientífica, mas é a faceta mais bárbara e cruel do ultraliberalismo, como nova forma de gestão das relações e dos conflitos entre as classes no Brasil.

A grande burguesia brasileira, para garantir a continuidade da acumulação do capital, adotou o ultraliberalismo como seu programa. Este consiste em aprofundar o caráter dependente do capitalismo brasileiro, transformando-nos em semi-colônia do capital financeiro internacional. É um programa que quer destruir e saquear o povo e o país. Em termos práticos ele representa a recusa a qualquer pacto de classe com as massas trabalhadoras. Por isso ele destrói os direitos sociais e trabalhistas. É desata uma guerra de classes contra o povo, em que se anuncia o completo descompromisso da classe dominante com a garantia da vida e qualquer política de cunho reformista, ainda que fraco.

O ultraliberalismo é o terrorismo de Estado, que se manifesta no aumento da violência policial, no agravamento do racismo estrutural e no completo abandono de qualquer política que represente medidas mínimas de proteção à vida, como é o caso agora do coronavírus. Portanto, não se pode acusar Bolsonaro/Paulo Guedes de incompetência. Ao contrário, no contexto de aplicação do programa ultraliberal, mostram-se bem competentes em gerir uma crise sanitária para a qual o Estado não deve se esforçar em articular ações e zelar pela vida do povo. Este pode morrer aos milhares e se contaminar aos milhões, pois o que mais importa é seguir com uma agenda que mantém o superprivilegiamento dos interesses dos grandes capitalistas.

Quando se observa as ações de outros governos em países semelhantes aos nossos, o contraste é gritante. Segundo dados oficiais, o Brasil ultrapassou a marca de 3 milhões de contaminados, cerca de 1,45% da população, com 101.136 mortos, que representam 3,33% do total de contaminados. De acordo com dados da OMS, para uma população de pouco mais de 7 milhões, o Paraguai registra 6.375 casos, cerca de 0,09% da população, com 66 mortes, 1,04% do total de contaminados. Se o Brasil tivesse seguido o exemplo paraguaio nas medidas de isolamento social, isso representaria 188.550 casos e 1.961 mortos. Na Argentina, para uma população de mais de 43 milhões, foram registrados 228.195 casos, aproximadamente 0,5% da população, com 4.291 mortes, ou 1,88% do total de contaminados. Se o Brasil tivesse seguido o exemplo argentino nas medidas de isolamento social, isso representaria 1.047.500 casos e 19.693 mortos. No continente africano a Etiópia, país que ocupa os últimos lugares em índice de Desenvolvimento Humano, para uma população de mais de 102 milhões, foram registrados 21.452 casos, aproximadamente 0,02% da população, com 380 mortes, ou 1,77% do total de contaminados. Se o Brasil tivesse seguido o exemplo etíope, isso representaria 41.900 casos e 742 mortos.

O drama vivido pelo povo brasileiro diante da pandemia é uma faceta do programa ultraliberal. Bosonaro/Paulo Guedes são a face cruel e sem maquiagem dessa política de ajuste que atende ao interesse do conjunto da classe dominante brasileira. Todas as facções burguesas são coniventes com essa política genocida. Cabe às massas trabalhadoras, a cada dia de maneira mais premente, empreender uma luta que seja capaz de parar o saque e a pilhagem do país. Ou botamos a classe dominante para correr do poder ou nosso futuro será a cada dia mais sombrio. Tá na hora de fazermos uma revolução brasileira que refunde o Brasil em favor dos interesses das maiorias populares e nos redima de 520 anos de exploração e genocídio.

 

- Fora Bolsonaro e seu governo genocida e de traição nacional

- Abaixo todas as políticas anti-povo e anti-nacionais

- Pelo socialismo

- Todo o poder às massas trabalhadora


Brasil, 11 de Agosto de 2020





ANTÓNIO MACHADO  – O POETA LÍRICO QUE CANTOU A AÇÃO E LUTOU CONTRA O FASCISMO

 Antonio Machado é um dos mais importantes poetas da Espanha. Nascido em Sevilha, em 1875, o poeta pertenceu à “Geração de 98, movimento de intelectuais que questionava os cânones estéticos e políticos das tendências literárias dominantes. Sua obra é marcada por um profundo lirismo, retratando o povo de Espanha nos seus costumes e cotidiano. Na guerra civil, tomou partido pelos republicanos. Foi evacuado de Madrid, pois temia-se que tivesse o mesmo destino de Frederico Garcia Lorca, assassinado pelos fascistas de Franco. Morreu em 1939, na Catalunha Francesa, rumo ao exílio.

Cantares é um dos poemas mais conhecidos de Machado. Com um acento melancólico, o poeta ressalta a importância da ação, do presente, do fazer, em detrimento de glórias passageiras ou de um passado idealizado.

Cantares 

Tudo passa e tudo fica
porém o nosso é passar,
passar fazendo caminhos
caminhos sobre o mar

Nunca persegui a glória
nem deixar na memória
dos homens minha canção
eu amo os mundos sutis
leves e gentis,
como bolhas de sabão

Gosto de ver-los pintar-se
de sol e graná voar
abaixo o céu azul, tremer
subitamente e quebrar-se...

Nunca persegui a glória

Caminhante, são tuas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar

Ao andar se faz caminho
e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca
se há de voltar a pisar
Cercada de assombração

Cala a boca moço, cala a boca moço

Seu meio corpo apoiado

Na muleta da canção

Cala a boca moço. Fala!

Olha o vazio nas almas

Caminhante não há caminho
senão há marcas no mar...

Faz algum tempo neste lugar
onde hoje os bosques se vestem de espinhos
se ouviu a voz de um poeta gritar
"Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar"...

Golpe a golpe, verso a verso...

Morreu o poeta longe do lar
cobre-lhe o pó de um país vizinho.
Ao afastar-se lhe vieram chorar
"Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um peregrino.
Quando de nada nos serve rezar.
"Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar..."

Golpe a golpe, verso a verso.

 


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