BOLSONARO FRITA PAULO GUEDES PARA ALCANÇAR UMA REACOMODAÇÃO NO INTERIOR DO CAMPO BURGUÊS
Há três pontos em comum do programa ultraliberal, que
unificam o conjunto da burguesia brasileira. O primeiro é o aumento da super exploração das massas trabalhadoras, com a supressão dos direitos sociais
e trabalhistas; o segundo é o saque e a pilhagem do patrimônio do Estado,
através de esquemas corruptos de privatização, acoplado a uma desregulamentação
da economia; e o terceiro é a conversão quase completa do Brasil à condição de semicolônia do capital financeiro internacional, com o país se especializando em
ser exportador de commodities agrícolas e minerais, e protetorado militar do
imperialismo norte-americano e da Otan.
A patrona desse projeto é a fração hegemônica da burguesia
brasileira, aquilo que os grandes meios empresariais de comunicação chamam de
“mercado”, e que se trata do seu segmento mais financeirizado e
internacionalizado. Ela não aceita negociar os termos do ajuste ultraliberal.
Qualquer insinuação de emplacar algum nível de intervenção do Estado, ou de investimentos
em obras, sofre dura campanha midiática.
O temor, sempre, é o de que não se pode furar o teto de gastos. O teto
atua como uma garantia de que o ajuste fiscal, parte importante do tripé
macroeconômico, e que serve para garantir a prioridade do capital financeiro e
internacionalizado sobre o conjunto da política econômica do país, não será
violado.
A fração hegemônica vive a dizer que o respeito irrestrito ao
tripé macroeconômico é fundamental para o país atrair investimentos e voltar a
crescer. Por ser uma teoria autorreferente, se o virtuoso ciclo de
investimentos não chega é porque sempre o ajuste ainda não foi suficiente. E é
preciso aprofundá-lo. A bola da vez, agora, é a reforma administrativa vendido
como condição para o país crescer.
O banqueiro Paulo Guedes, como ministro da economia do
governo Bolsonaro, é um representante direto do “mercado”. Seu papel é o de
aplicar sem retoques a política de ajuste ultraliberal. Guedes atua, no governo
Bolsonaro, como uma espécie de fiador do mesmo junto à fração hegemônica, mas
também de tutor, a impedir que Bolsonaro manifeste vontade de atenuar o ajuste ultraliberal.
Mas Paulo Guedes enfrenta uma fritura. Sua agenda
ultraliberal não trouxe o crescimento esperado do PIB em 2019. E no começo
deste ano, antes mesmo da crise causada pela pandemia, pesquisa da FGV já
anunciava que o Brasil estava em recessão econômica. Paulo Guedes, portanto, já
não é unanimidade no “mercado”. Ele se segura no cargo, ao aproveitar a
pandemia para “passar a boiada”, ou seja, acentuar a super exploração do povo
com o projeto da carteira verde-amarela, e dilapidar o patrimônio estatal em
tenebrosas transações privatizantes.
A pequena variação positiva na popularidade de Bolsonaro, apoiada
no auxílio emergencial, deu ao proto-fascista coragem para exigir uma
reacomodação no ajuste ultraliberal. Sonhando com a reeleição em 2022,
Bolsonaro quer rebatizar o Bolsa-Família com o nome de Renda Brasil e dar um
pequeno aumento em seu valor. Ao mesmo tempo, para atender os interesses do
Centrão, de quem depende no Congresso para obstaculizar eventual processo de
impeachment, Bolsonaro quer emplacar um plano de obras públicas para atender
seus currais eleitorais. Mas, para isso, o teto nos gastos, peça fundamental da
política perene de ajuste fiscal, precisa ser flexibilizado. Esse é o cerne do
embate entre Bolsonaro e Paulo Guedes, e da fritura do “super ministro”.
Bolsonaro não quer, com esse embate, dar um cavalo de pau na
política ultraliberal. Ele não está interessado em comprar briga com a fração
hegemônica da burguesia brasileira e o imperialismo, para empreender um projeto
nacional-desenvolvimentista. O que ele quer é alcançar uma reacomodação no
interior das classes dominantes, em que frações não-hegemônicas possam
participar do saque do Estado, bem como sejam contempladas com contratos
públicos e um certo dinamismo econômico interno. Mas tudo sem alterar o tripé
macroeconômico, inaugurado no governo FHC e mantido desde então, e o tripé do
ajuste ultraliberal.
Reafirmamos, por isso, a necessidade de as massas
trabalhadoras não alimentarem ilusões e se colocarem em luta. Assim que as
condições sanitárias permitirem teremos, no plano imediato, de lutar para
reverter o processo de super exploração do povo, de dilapidação do patrimônio estatal
e de semi-colonialidade diante do imperialismo. E com isso abrir o caminho para
a construção de uma nação socialista.
* Fora
Bolsonaro e seu governo genocida e de traição nacional
* Abaixo
todas as políticas anti-povo e anti-nacionais
* Pelo socialismo
*Todo o poder
às massas trabalhadora
Brasil, 01 de Setembro de 2020
QUILAPAYÚN
– A MÚSICA E A POESIA DOS QUE CANTAM AS LUTAS DO POVO
A medida
mais importante do governo do presidente Salvador Allende foi a nacionalização
do cobre no Chile. O cobre é a grande riqueza mineral do Chile e, até então,
beneficiava apenas as mineradoras internacionais e as oligarquias chilenas. A
Codelco, a estatal chilena do cobre, continua de posse do governo chileno,
apesar de toda a pressão das finanças neoliberais. Um ato político de tal
magnitude mereceu ser cantado por um dos mais importantes grupos musicais
chilenos. O Quilapayún anunciou nessa canção a esperança das riquezas naturais
serem revertidas para a melhoria das condições de vida e da dignidade do povo
trabalhador do Chile. Um inevitável paralelo com a questão do petróleo no
Brasil.
Nuestro Cobre
Quilapayún
Nuestro cobre
la carne de la pampa
enclavado en la tierra colorada
que vive allá en el norte.
Empapado de sol y de montaña
motivo de los hombres
y mezclado con la sangre y con el alma
de todo un pueblo pobre.
Nuestro cobre
nacido entre los cerros
y robado por manos extranjeras
cambiado por dinero.
No era Chile quien bebía de tu savia,
no eran los mineros,
y te hacían cañón y te ponían
en contra de los pueblos.
Nuestro cobre
ahora estás en casa
y la patria te recibe emocionada
con vino y
con guitarras.
Son tus dueños los mismos que murieron
porque no te llevaran
y de aquí ya no te mueven ni con sables
ni tanques ni metrallas.
Nuestro cobre
la carne de la pampa
enclavado en la tierra colorada
que vive allá en el norte.
Como un niño que nunca imaginó
la dicha de ser hombre
has vencido para bien de los chilenos
ya no seremos pobres.
De tus frutos saldrá la vida nueva
vendrán tiempos mejores.
Para siempre el cobre está en las manos
de los trabajadores.
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