O CAOS NO AMAPÁ É O PRENÚNCIO DO BRASIL EM 2021. A SAÍDA É SE ORGANIZAR PARA RESISTIR E AVANÇAR NA LUTA
Há uma semana o Amapá enfrenta verdadeiro caos. O incêndio, no dia 3, em uma subestação de
energia da empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia, deixou 14 dos 16
municípios amapaenses sem eletricidade. Milhares de famílias relatam
desabastecimento, alimentos estragados e falta de água. A empresa transmissora
de energia é controlada pelo grupo espanhol Isolux. Moradores têm protestado
todos os dias contra o descaso das autoridades diante do seu drama. Mas a única
resposta que recebem do poder público é uma duríssima repressão policial.
O caos vivido pelos amapaenses é o típico efeito Orloff: o
Amapá é, hoje, o que será o Brasil em 2021. Sem catastrofismos, o projeto em
curso da burguesia brasileira de saque e pilhagem do patrimônio nacional
através de privatizações, de alinhamento automático do Brasil aos Estados
Unidos, de conversão do Brasil a uma semicolônia do capital financeiro
internacional, de transformação do nosso país em protetorado militar norte-americano,
de agravamento da superexploração das massas trabalhadoras etc., vai alastrar a
situação vivida pelos amapaenses.
Haverá em 2021 o agravamento da crise. A recessão vai acentuar
a crise fiscal dos estados e municípios, refletindo-se nos serviços públicos. O
auxílio emergencial, que atenuou os efeitos da pandemia, acaba este ano e não
há indicação de que algo similar o substituirá. A especialização regressiva da
economia brasileira a mera exportadora de commodities agrícolas, combinada a um
mercado interno deprimido, aumentou as exportações, e temos agora de importar
produtos como soja e arroz. Resultado: aumento generalizado dos produtos da
cesta básica. Pesquisa do Dieese aponta que só em 2020, a cesta básica teve um
aumento de 17,64%. Ainda de acordo com a pesquisa, o salário mínimo hoje,
deveria ser de R$ 5.005,91. O desemprego atinge, de acordo com o IBGE, 14,4% da
população. Em 3 meses foram fechados 4,3 milhões de empregos.
Diante desse cenário, a aposta da classe dominante brasileira
é a de aprofundar o ajuste ultraliberal. A autonomia do Banco Central,
exigência dos parasitas do sistema financeiro, foi aprovada pelo Senado na
semana passada. Programa-se ainda para 2021 a reforma administrativa. Seu
objetivo é destruir o serviço público que atende às necessidades populares
(saúde, educação, assistência, segurança, previdência) para garantir prioridade
ao rentismo no negócio da dívida pública. Prevê-se uma nova rodada de
privatizações, de refinarias da Petrobrás e todo o sistema Eletrobrás. O tripé
macroeconômico de interesse do rentismo (rigor fiscal, metas de inflação e
câmbio flutuante), fortalecido com o teto dos gastos públicos, engessa a
possibilidade de o Estado agir como um estimulador do crescimento econômico.
Resultado: o Brasil, em 2020, estará de
fora das 10 maiores economias do mundo.
Para preservar seus interesses, a classe dominante brasileira
joga o país no buraco. O caos vivido no Amapá é o prenúncio do que poderá ser o
Brasil em 2021. Só há um caminho para barrar esse futuro devastador: é o da
luta e organização popular. As massas trabalhadoras precisam, no plano imediato,
organizar-se para resistir ao ajuste ultraliberal. Essa resistência já contém
os germes de sua etapa superior, que é o de avançar para uma luta pelo poder de
Estado, capaz de impor derrota absoluta ao ultraliberalismo, conquistar nossa
segunda e definitiva independência, retomar completamente nossa soberania para,
assim, garantir a construção de um projeto orientado à construção do
socialismo, capaz de redimir nosso povo de 520 anos de exploração e miséria.
Brasil, 10 de Novembro de 2020
PINO SOLANAS E O CINEMA PROFUNDAMENTE ARGENTINO E
LATINO-AMERICANO
No último dia 6, morreu o cineasta
argentino Fernando “Pino” Solanas. Diretor
ganhador dos prêmios mais importantes do cinema (Festivais de Veneza,
Cannes, Berlin e Havana), Pino foi deputado e senador na Argentina, sempre
denunciando o neoliberalismo e o entreguismo. Profundamente argentino e
latino-americano, os filmes de Solanas retratam a realidade de seu país, as
cicatrizes da ditadura, o exílio e os desaparecimentos políticos. Em sua
homenagem, um trecho de Tangos, o Exílio de Gardel.
https://www.youtube.com/watch?v=l_mZ1kVzLgc
Comentários
Postar um comentário