O ULTRALIBERALISMO DE PAULO GUEDES REQUER O PROTOFACISMO DE BOLSONARO
As facções ditas mais civilizadas da burguesia brasileira, através de veículos de imprensa, tratam a todo instante de separar a política econômica ultraliberal de Paulo Guedes do protofascismo negacionista de Bolsonaro. Quer se, com isso, criar uma ilusão de que haveria dois núcleos dentro do governo. Um núcleo ideológico tresloucado dirigido por Bolsonaro e seus filhos. E outro núcleo pragmático e técnico comandado pelo ministro da economia. A verdade, porém, é bem outra. O ultraliberalismo de Guedes requer o protofascismo de Bolsonaro. Essa é uma característica do programa ultraliberal. Seu propósito é o de agravar nas condições de um país capitalista dependente a superexploração do povo e o assalto ao patrimônio do Estado pelas privatizações, das quais um dos grandes beneficiários tem sido o BTG, banco de investimento fundado pelo próprio Paulo Guedes. Esses objetivos só podem ser alcançados por uma acentuação da autocracia burguesa, mesmo no âmbito de um regime democrático formal, em que o sistema político funciona num circuito fechado. O que isso significa? Significa que a acumulação do capital pela burguesia é tratada, pelo Estado e pelos governos, como um objetivo irrestrito para o qual os interesses das classes dominadas devem estar completamente subordinados. Tudo justificado a partir de um discurso que apresenta o manejo da economia como uma operação de natureza técnica. Os direitos sociais e trabalhistas, assim como pressões das massas populares, são vistos pelo ultraliberalismo como interferências artificiais e populistas, que atrapalham um sistema que deixado livre funcionaria perfeitamente. Isso compatibiliza a ideologia ultraliberal com regimes políticos autoritários e repressores. Porque o ultraliberalismo, ao hiper-privilegiar ao interesses da acumulação do capital, não pode admitir pressões reformistas igualitárias vindas das massas populares. Importante lembrar que o primeiro experimento moderno de ultraliberalismo aconteceu no Chile, com a ditadura sanguinária de Pinochet, para quem Guedes trabalhou como assessor econômico. Explica-se porque o ajuste ultraliberal no Brasil só foi possível com o golpe de 2016 e seu aprofundamento requer um governo de tendência protofascista como o de Bolsonaro.Apresentado o contexto mais geral dessa relação entre ultraliberalismo e protofascismo, não nos deve causar espanto as últimas declarações de Guedes. Sua acusação de que o vírus foi criado pelo China não foi um mero deslize. Repercute na verdade o objetivo do governo em criar constrangimentos com a China, que já forneceu até o momento 84% das vacinas aplicadas contra o Covid no Brasil. A declaração não foi um deslize de Guedes, mas tem a intenção clara de fazer a vacinação atrasar ou mesmo parar, pois sem vacinação em massa o governo mantém a sociedade desmobilizada e consegue avançar em sua pauta ultraliberal sem maiores resistências. Outro “deslize” de Guedes seria sua acusação de que o Fies colocou em faculdades privadas filhos de porteiros que zeraram nas provas. Ou de que o sistema público de saúde é generoso ao deixar uma pessoa oito dias internada após uma operação de apendicite, enquanto a medicina privada daria alta no dia seguinte se o paciente não apresentar febre. Ou ainda de que é um absurdo aumentar a expectativa de vida da população, porque se elevaria os gastos públicos. Todas essas “pérolas” de Guedes não são deslizes, mas estão coerentes com o discurso protofascista, negacionista e elitista de Bolsonaro. Por tudo isso, a luta contra o governo do Capitão não pode se descolar da luta contra o capital. O retrocesso em termos sociais e mesmo civilizatório do programa ultraliberal requer como já dissemos uma degradação profunda até mesmo das regras do jogo da democracia liberal. Para o ajuste ultraliberal acontecer ele precisa do aprofundamento da autocracia burguesa. Desse modo, a derrota de um exige a derrota do outro.
• POR VACINA, COMIDA E EMPREGO!
• FORA BOLSONARO E SEU GOVERNO GENOCIDA DE TRAIÇÃO NACIONAL!
• ABAIXO O ULTRALIBERALISMO!
• PELO SOCIALISMO!
• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS!
04 de maio de 2021
SEÇÃO CULTURAL
O CEBRAD E AS COMEMORAÇÕES DO 1º DE MAIO NO BRASIL
Entre 1978 e 1981, o Centro Brasil Democrático (Cebrad) promovia os shows de 1º de Maio no centro de convenções da prefeitura do Rio de Janeiro, o Riocentro. Esses shows reuniam os principais nomes da MPB, como Chico Buarque, Milton Nascimento, Gonzaguinha, Elis Regina, Simone, MPB-4, Clara Nunes, entre outros. O Cebrad era uma entidade organizada pelo PCB para reunir os artistas e intelectuais na luta contra a ditadura. Foi no último show do Riocentro, em 1981, que ocorreu o atentado à bomba que vitimou dois agentes do DOI-CODI marcando o fracasso das tentativas de fechar o regime depois da anistia. Segue a música 1º de Maio, de Chico Buarque e Milton Nascimento, feita para o show de 1º de Maio de 1977, ainda no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.
https://www.youtube.com/watch?v=a2jyd61mPa8
PRIMEIRO DE MAIO
Chico Buarque e Milton Nascimento
Hoje a cidade está parada
E ele apressa a caminhada
Pra acordar a namorada logo ali
E vai sorrindo, vai aflito
Pra mostrar, cheio de si
Que hoje ele é senhor das suas mãos
E das ferramentas
Quando a sirene não apita
Ela acorda mais bonita
Sua pele é sua chita, seu fustão
E, bem ou mal, é seu veludo
É o tafetá que Deus lhe deu
E é bendito o fruto do suor
Do trabalho que é só seu
Hoje eles hão de consagrar
O dia inteiro pra se amar tanto
Ele, o artesão
Faz dentro dela a sua oficina
E ela, a tecelã
Vai fiar nas malhar do seu ventre
O homem de amanhã
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