PARAR O GENOCÍDIO DO CAPITÃO E DESTRUIR O PROGRAMA ULTRALIBERAL DO CAPITAL

 O golpe de 2016 serviu a um propósito: aprofundar o programa ultraliberal. Sua lógica imanente é a de colocar a agromineração exportadora e as atividades rentístico-financeiras como o eixo central da acumulação. O cerne da atual crise brasileira está no aprofundamento desse modelo parasitário de acumulação de capital. Ele aponta para um aprofundamento da superexploração da classe trabalhadora e de um assalto ao patrimônio estatal via privatizações, bem como destrói todos os instrumentos regulatórios do Estado. A burguesia industrial adere a esse programa, pois se vê contemplada com a destruição dos direitos trabalhistas. E compensa a queda relativa dos lucros operacionais com aplicações financeiras. Parte da classe média também adere a esse programa, pois compensa suas perdas salariais com retorno em investimentos financeiros e especulativos. O resultado desse projeto é que ele agrava todas as contradições que caracterizam a formação social brasileira. Agravam-se as contradições de classe com a destruição do mercado formal de trabalho e a precarização, com o aumento da concentração do capital e da renda. No interior da classe trabalhadora, acentua-se a espoliação e a discriminação machista e racista. Agravam-se as contradições regionais, com regiões regredindo a formas primárias de especialização econômica. E, por fim, agravase a contradição com o imperialismo, que apoiado na burguesia interna, quer nos transformar em semicolônia do capital financeiro e interditar ao Brasil qualquer traço de soberania. Esse é o projeto do capital para o Brasil. É um programa agressivo e retrógrado, que acentua a autocracia burguesa. O capital não aceita discutir os seus termos. Por isso esse programa, mesmo sob condições democráticas formais tem um forte acento autoritário. A burguesia brasileira declarou uma guerra de classe ao nosso povo. E por mais que agora facções do capital tentem desvincular sua imagem do capitão, é inconteste que Bolsonaro é a expressão mais perfeita do ajuste ultraliberal. Seu genocídio e sociopatia manifesta, sem pruridos morais e considerações humanitárias, o genocídio e a sociopatia do próprio capital. Mesmo diante da catástrofe da pandemia, cuja responsabilidade política maior é do governo do capitão, o capital não manifesta nenhuma indignação. É óbvio que facções poderosas se movimentam no sentido de se descartarem do capitão. Afinal, o extremismo ultraliberal de Bolsonaro agravou algumas contradições internas ao próprio campo burguês. A displicência em organizar uma vacinação geral da população atrasa a retomada da atividade econômica, promove uma fuga de capitais do país e causa o fechamento ou paralisação de fábricas. Sem contar que cresce a insatisfação social com o governo. Além disso, Bolsonaro se utiliza da posição estratégica que o cargo lhe confere para, na repartição do butim do assalto ao Estado, deslocar facções burguesas mais antigas e favorecer aquelas que lhe são mais fieis. Diante desse cenário, consideramos perigosas as ilusões de que uma candidatura de centro-esquerda poderia oferecer uma saída para a atual crise, sem apontar para a destruição do programa ultraliberal. Do ponto de vista das massas trabalhadoras, parar o genocídio do capitão contra o nosso povo exige destruir, como tarefa tática imediata, o programa ultraliberal e a facção burguesa que o sustenta. Por isso insistimos que a luta tem que ser contra o capitão, mas também contra o capital. Especialmente seus setores mais agressivos e autocratas, que mesmo sob o disfarce de modernos e cosmopolitas, querem-nos como uma nação de escravos assalariados. 

 • POR VACINA, COMIDA E EMPREGO! 

 • FORA BOLSONARO E SEU GOVERNO GENOCIDA DE TRAIÇÃO NACIONAL! 

 • ABAIXO O ULTRALIBERALISMO! 

 • PELO SOCIALISMO! 

 • TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS!


 20 de abril de 2021



SEÇÃO CULTURAL 


 Cecília Meireles escreveu o Romanceiro da Inconfidência em 1953. Uma obra monumental, épica, que imortaliza a trajetória dos Inconfidente e do Alferes, o mais consequente dos revolucionários mineiros. Dia 21 de abril de 1792, que a poeta chamou de “dia sinistro”, Tiradentes foi enforcado no Largo do Rocio, atual praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. O Romanceiro foi escrito depois de uma viagem de Cecília às cidades históricas mineiras, únicas no mundo. Cecília faz um vivo quadro do período das Minas, das classes sociais, do cotidiano, das relações escravocratas, da vida política e cultural. E dá o destaque merecido ao grande herói do episódio, o alferes Joaquim José da Silva Xavier. Publicamos o Romance XXXI, que mostra as andanças de Tiradentes pelos caminhos de Minas e do Rio de Janeiro.  


ROMANCE XXXI OU DE MAIS TROPEIROS


 Por aqui passava um homem 

 - e como o povo se ria! - 

 que reformava este mundo

 de cima da montaria. 

 Tinha um machinho rosilho. 

 Tinha um machinho castanho.

 Dizia: “Não se conhece

 país tamanho!”


 “Do Caeté a Vila Rica, 

 tudo ouro e cobre! 

 O que é nosso, vão levando.. 

 E o povo aqui sempre pobre!”


 Por aqui passava um homem 

 - e como o povo se ria! -

 que não passava de Alferes

 de cavalaria! 


 “Quando eu voltar - afirmava - 

 outro haverá que comande. 

 Tudo isto vai levar volta,

 e eu serei grande!” 


 “Faremos a mesma coisa

 que fez a América Inglesa!” 

 E bradava: “Há de ser nossa

 tanta riqueza!”


 Por aqui passava um homem 

 - e como o povo se ria! - 

 “Liberdade ainda que tarde” 

 nos prometia.


 E cavalgava o machinho. 

 E a marcha era tão segura 

 que uns diziam: “Que coragem!”

 E outros: “Que loucura!” 


 Lá se foi por esses montes

 o homem de olhos espantados,

 a derramar esperanças

 por todos os lados. 


 Por aqui passava um homem... 

 - e como o povo se ria! -

 Ele, na frente, falava, 

 e, atrás, a sorte corria... 


 Dizem que agora foi preso, 

 não se sabe onde. 

 (Por umas cartas entregues

 ao Vice-Rei e ao Visconde.) 


 Pois parecia loucura,

 mas era mesmo verdade. 

 Quem pode ser verdadeiro,

 sem que desagrade?


 Por aqui passava um homem... 

 - e como o povo se ria! -

 No entanto, à sua passagem, 

 tudo era como alegria. 


 Mas ninguém mais se está rindo

 pois talvez ainda aconteça

 que ele por aqui não volte, 

 ou que volte sem cabeça... 


 (Pobre daquele que sonha

 fazer bem - grande ousadia - 

 quando não passa de Alferes

 de cavalaria!)


 Por aqui passava um homem... 

 - e o povo todo se ria.

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