A RETRAÇÃO ECONÔMICA É SÓ PARA O POVO

 Na semana passada o IBGE anunciou nova retração na economia brasileira de -0,1%. Por ser o segundo trimestre seguido de retração, os economistas classificam a situação brasileira como de recessão técnica. Na prática essa retração representa mais desemprego, precarização, baixos salários, aumento da fome e da miséria. Porque para os grandes grupos capitalistas, essa recessão não lhes afeta. Antes, permite uma fantástica acumulação de capital.

No segundo trimestre deste ano Bradesco, Itaú e Santander tiveram um lucro líquido de 17,9 bilhões de reais, valor 28,5% maior do que o registrado no mesmo período de 2020. Já as empresas de capital aberto não-financeiras tiveram um lucro de 33,2 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2021, valor 245,7% maior do que o registrado no mesmo período em 2020. Também cresceu o número dos bilionários brasileiros. Em plena pandemia eles saltaram, de 2020 para 2021, de 275 para 315. Suas fortunas somadas representam 25% do PIB nacional.

Tal retração econômica serve para centralizar ainda mais o capital. E também serve para o grande capital preparar o terreno de um novo assalto ao Estado e um aumento da superexploração do povo. Exemplo são o anúncio de um novo ciclo de privatizações (Correios e Petrobrás) e uma nova reforma trabalhista que libera geral o trabalho aos domingos e não reconhece vínculo de emprego aos trabalhadores de aplicativos.

Superar esse cenário devastador é o maior desafio às massas trabalhadoras brasileiras. Porém, esta se encontra desarmada política e ideologicamente para enfrentar essa batalha. Em parte, a causa desse desarme está na profunda desarticulação do mercado de trabalho formal e no aumento brutal do desemprego e da precarização. Mas cabe responsabilidade também aos 13 anos de social-liberalismo petista, que plantou na consciência da classe trabalhadora ilusões e desorganização.

Sem enxergar uma saída, as esperanças de amplos segmentos da população se deslocam para a eleição de 2022. Contudo, sem alterar a correlação de força com uma retomada do movimento de massa, vença quem vencer a burguesia continuará dando as cartas e impondo sua agenda ultraliberal. Nesse cenário, mesmo com o grau rebaixado das expectativas populares, uma candidatura progressista não poderá cumprir suas promessas de um retorno aos tempos áureos do consumo. O nível de destruição causado pelo ajuste ultraliberal exige medidas contundentes a favor do povo.

Para superar esse cenário é preciso fazer a burguesia sentir novamente medo do povo. Na luta de classe, a política não é a arte do diálogo em busca de consensos, como o liberalismo de esquerda imagina. Política é a arte de construir correlação de força para derrotar ou, pelo menos, neutralizar o inimigo de classe. A burguesia só nos respeitará se sentarmos à mesa de diálogo com uma faca entre os dentes. Para tanto, no atual cenário, marcado pela desarticulação e pessimismo, cabe aos comunistas organizar toda e qualquer luta que for possível, mesmo aquelas pequenas, para fortalecer no seio do povo seu sentido de pertencimento de classe. Pois a consciência da classe trabalhadora só cresce na luta e na organização.


• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA 

• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO 

• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL 

• PELO SOCIALISMO 

• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS 


Brasil, 07 de dezembro de 2021




SEÇÃO CULTURAL 


VIVA O POVO PALESTINO


Comemorado anualmente em 29 de novembro, o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino possui extrema relevância para o direito a autodeterminação dos palestinos. Na busca pelo fortalecimento da memória sobre a população palestina, e o compromisso de solidariedade assumido pela Organização das Nações Unidas (ONU) a respeito desta população, hoje é um dia carregado de memórias e significados para toda a comunidade internacional que entende a luta palestina como uma questão transfronteiriça.O contexto da criação do Dia Internacional de Solidaridade para com o Povo Palestino se dá em 1947, onde a ONU, composta por 57 nações, realiza uma votação a respeito da divisão da Palestina. Em deferência à data e à luta do povo palestino publicamos o poema de Mahmud Darwish ou Mahmoud Darwich (Al-Birweh, 1942 - Houston, 9 de agosto de 2008), poeta e escritor Palestino, nascido à época do Mandato Britânico. Darwish é o autor da Declaração de Independência Palestina, escrita em 1988 e lida pelo líder palestino Iasser Arafat, quando declarou unilateralmente a criação do Estado Palestino. Integrante da OLP, Darwich afastou-se da organização em 1993, por discordar da posição da organização no tocante aos Acordos de Oslo. É considerado o poeta nacional da Palestina e seu trabalho evoca a dor do deslocamento. Na obra do poeta, além da angústia do exílio, a Palestina aparece como metáfora do "paraíso perdido", nascimento e ressurreição.


A TERRA NOS É ESTREITA


A terra nos é estreita. Ela nos encurrala no último desfiladeiro E nós nos despimos dos membros Para passar. A terra nos espreme. Fôssemos nós o seu trigo para morrer e ressuscitar. Fosse ela a nossa mãe para se compadecer de nós. Fôssemos nós as imagens dos rochedos que o nosso sonho levará como espelhos. Vimos o rosto de quem, na derradeira defesa da alma o último de nós matará. Choramos pela festa dos seus filhos e vimos o rosto Dos que despenham nossos filhos pela janela deste último espaço. Espelhos que a nossa estrela polirá. Para onde irmos após a última fronteira? Para onde voarão os pássaros após o último céu? Onde dormirão as plantas após o último vento? Escreveremos nossos nomes com vapor carmim, cortaremos a mão do canto para que nossa carne o complete. Aqui morreremos. No último desfiladeiro. Aqui ou aqui... plantará oliveiras Nosso sangue. (Poema de Mahmoud Darwish traduzido por Paulo Farah.) 


Compartilhamos também o link da poesia declamada Falar (https://www.youtube.com/watch?v=7s0j VV3ECik) 

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