ACABAR COM O LATIFÚNDIO E O RENTISMO PARA ACABAR COM A FOME E A MISÉRIA

 No Brasil, onde “o agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo”, mais de 20 milhões de pessoas literalmente passam fome e 55,2% enfrenta algum nível de insegurança alimentar. A face cruel, desumana e revoltante desse cenário são a de pessoas formando filas nas portas de açougues para recolher restos de ossos e pelancas, ou revirando lixo em busca de algo para comer. A fome e a miséria que assola atualmente nosso povo são o produto de uma lógica capitalista em que o eixo da acumulação gira em torno da agromineração exportadora e do parasitismo rentista. Para garantir a superacumulação de capital numa ponta, ambos exigem uma superexploração do povo na outra.

Desde a Colônia, o Brasil convive com níveis alarmantes de insegurança alimentar. Em conjunturas econômicas mais favoráveis ela pode até ser atenuada, mas não desaparece. Sua causa básica está numa estrutura fundiária marcada pelo latifúndio, pela monocultura e pelo recurso a formas brutais de exploração do povo. E sua produção é destinada prioritariamente para o mercado externo. Atualmente, 1% dos estabelecimentos agrícolas concentra quase metade da área agricultável do país. Por sua vez, 50% dos estabelecimentos menores ocupamapenas 2,3% dasterras agrícolas.

Com a produção agrícola voltada ao mercado externo, cujos preços são cotados em dólares, a cesta básica aumentou 52% em um ano. Somado a lógica rentista que destrói a produção, o resultado não pode ser outro: mais de 20 milhões não tem o que comer, 14,4 milhões estão desempregados, a economia real se encontra estagnada, 32,2 milhões de trabalhadores estão subutilizados (trabalham menos do que gostariam) e a informalidade atinge 40,6% dos trabalhadores. Esse é o preço que o povo paga para sustentar uma burguesia parasita e sanguessuga.

Entre 2020 e 2021 o número de bilionários pulou de 275 para 315. A fortuna acumulada por essa gente é de 1,9 trilhão de reais. O lucro líquido de 4 grandes bancos brasileiros (Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil), cresceu 90% no segundo trimestre de 2021, quando comparado ao mesmo período de 2020. Enquanto o PIB do primeiro trimestre de 2021 cresceu apenas 1,2%, o PIB do agronegócio cresceu 5,7%. Isso é o capitalismo realmente existente, muito distante da balela dos economistas liberais que enganam o povo com a conversa fiada sobre as virtudes da economia de mercado.

Esse cenário difícil exige, dos comunistas, determinação em organizar o povo para a luta. Luta que engloba medidas emergenciais para combater os efeitos imediatos da fome, mas que precisa avançar na derrota do programa ultraliberal. E isso exige duas medidas básicas. Primeira, fazer uma reforma agrária que acabe com o latifúndio e ofereça apoio total à agricultura familiar. Esta produz 70% da comida que alimenta nosso povo, mas que está fora de qualquer tipo de assistência financeira e tecnológica. E segunda, estatizar todo o sistema financeiro, pondo fim à lógica rentista, ao colocar os recursos à disposição de um projeto que elimine a fome, o desemprego, a precarização, o desalento, o analfabetismo, a falta de moradia, de saúde e de educação. Enfim, um projeto socialista.


• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA 

• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO 

• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL 

• PELO SOCIALISMO 

• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS 


Brasil, 19 de outubro de 2021




SEÇÃO CULTURAL


JOÃODO VALE – O POETA DO POVO


João do Vale foi um dos maiores expoentes da música brasileira. Natural de Pedreiras, Maranhão, nasceu em 11/10/1934. Teve uma infância muito pobre, o que influenciou sua carreira artística. Aos 13 anos se mudou para São Luís e aos 15 vai de pau-de-arara para o Rio de Janeiro, onde arruma emprego como operário da construção civil. Começa a freqüentar programas de rádio, onde conhecem os principais compositores e músicos da época, a quem apresenta suas canções. Aos poucos ganhou espaço no cenário musical carioca e em 1964 é convidado a se apresentar como cantor no restaurante Zicartola. Chamou a atenção por sua voz e suas músicas, com letras que expunham a situação miserável da maioria do povo. Ao lado de Nara Leão, Maria Bethânia e Zé Kéti participou do Show Opinião, primeira forma de contestação artística à ditadura militar. Teve canções gravadas por grandes nomes da música brasileira, como Carcará (gravado por Maria Bethânia), Coronel Antonio Bento (por Tim Maia e Cássia Eller), O Canto da Ema (por Jackson do Pandeiro) e Asa do Vento (por Dolores Duran). Em sua homenagem publicamos aqui a letra da música Minha História e o link do YouTube. 


MINHAHISTÓRIA 

(João do Vale)


 Seu moço, quer saber, eu vou cantar num

 baião 

 Minha história pra o senhor, seu moço,

 preste atenção 

 Eu vendia pirulito, arroz doce, mungunzá

 Enquanto eu ia vender doce, meus 

 colegas iam estudar

 A minha mãe, tão pobrezinha, não podia

 me educar

 quando era de noitinha, a meninada ia

 brincar

 Vixe, como eu tinha inveja, de ver o

 Zezinho contar: 

- O professor raiou comigo, porque eu

 não quis estudar 

- O professor raiou comigo, porque eu

não quis estudar 

Hoje todo são "doutô", eu continuo joão

ninguém 

Mas quem nasce pra pataca, nunca pode

ser vintém

Ver meus amigos "doutô", basta pra me

sentir bem 

Ver meus amigos "doutô", basta pra me

sentir bem

Mas todos eles quando ouvem, um

baiãozinho que eu fiz,

Ficam tudo satisfeito, batem palmas e

pedem bis 

E dizem: - João foi meu colega, como eu

me sinto feliz 

E dizem: - João foi meu colega, como eu

me sinto feliz 

Mas o negócio não é bem eu, é Mané,

Pedro e Romão, 

Que também foram meus colega, 

e continuam no sertão

Não puderam estuda, e nem sabem fazer

baião


 

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