RETOMAR O CARÁTER ANTINEOLIBERAL DO FORA BOLSONARO!
Os objetivos mais imediatos da luta das massas trabalhadoras são o impeachment e cadeia para Bolsonaro. O fim do governo do capitão genocida é um obstáculo que o povo tem de transpor para avançar em sua luta e organização. Mas esse objetivo requer uma política de aliança ou, em outras palavras, a formação de uma frente. E é justamente sobre o caráter dessa frente que aparecem as divergências no interior da esquerda brasileira.
Para nós, comunistas da Arma da Crítica, o bolsonarismo cumpre um propósito bem concreto. Ele aplica, em favor da burguesia, medidas ultraliberais que lhes garantem uma superacumulação de capitais a partir do aumento da superexploraçãodo povo.
Exemplo está no crescimento do número de bilionários brasileiros em plena pandemia, que se alcança com o agravamento da miséria. A imagem chocante de pessoas garimpando ossos e pelancas de carne no Rio de Janeiro exemplificam o significado do ajuste neoliberal. Outro exemplo é o esforço de Bolsonaro e de sua base de endinheirados em divulgar remédios sem eficácia para tratar a Covid, para não deixar a economia parar. O negacionismo é do Capitão e do Capital.
Por esses motivos, o caráter da frente político-social para derrotar Bolsonaro tem de assumir, minimamente, um programa anti-neoliberal. As primeiras manifestações pelo Fora Bolsonaro convocadas por iniciativa da articulação Povo na Rua, a partir de maio, tiveram esse caráter. Elas atropelaram velhas direções político-partidárias e, por esse caráter anti-neoliberal, tem conseguido arrastar para as ruas centenas de milhares de manifestantes. Cabe à articulação Povo na Rua o mérito de ter captado uma difusa insatisfação popular dado vazão. As manifestações recolocaram o conjunto da esquerda novamente na arena política.
A direita neoliberal reagiu e convocou uma fracassada manifestação para 12 de setembro. Seu fiasco demonstrou que no atual cenário político, amplos segmentos populares não se identificam com a chamada terceira via. Intuem corretamente que se trata de uma espécie de fascismo de sapatênis, que defende a mesma agenda econômica ultraliberal, mas sem Bolsonaro. Conclui-se que para as grandes massas o Fora Bolsonaro deve estar vinculado a luta pela superação do ajuste ultraliberal.
Nas manifestações de 02 de outubro, em várias cidades as manifestações foram grandes. A nota destoante foi São Paulo, onde justamente foi aplicada a política de frente ampla. Anunciou-se que destacadas figuras da direita liberal discursariam, como a banqueira Neca Setúbal e políticos vulgares como a deputada Tábata Amaral, que vota em todas as pautas de interesse do capital, e o ex-ministro Mandetta. O clima era de palanque eleitoral, em que a defesa do Fora Bolsonaro já, sucumbe aos interesses macabros de deixar o genocida sangrando até 2022. O resultado foi um ato muito menor e menos diversificado do que os anteriores.
Isso prova que a ampliação do palanque não significa maior adesão popular. Se quisermos mesmo impeachment e cadeia para Bolsonaro agora, sem esperar o calendário eleitoral, é preciso que as manifestações retomem seu caráter popular e de luta contra o ajuste neoliberal do Capitão e do Capital.
• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA
• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO
• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL
• PELO SOCIALISMO
• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS
Brasil, 05 de outubro de 2021
SEÇÃO CULTURAL
ELIZABETH TEIXEIRA: UMA VIDA DEDICADA À LUTA CONTRA O LATIFÚNDIO
Em 28 de setembro Elizabeth Teixeira completou 94 anos de vida. Paraibana de Sapé, Elizabeth foi uma das mais destacadas lideranças das Ligas Camponesas. Dedicou sua vida à luta contra o latifúndio e pela reforma agrária. Por seu compromisso com o povo pagou um alto preço. Viu seu companheiro, João Pedro Teixeira, ser assassinado a mando do latifúndio. Uma filha cometeu o suicídio por medo de que a mãe tivesse o mesmo destino do pai. Com o golpe militar Elizabeth se esconde por 17 anos e fica longe de quase todos os filhos. Reaparece em 1981, quando é descoberta pelo cineasta Eduardo Coutinho, que retoma as filmagens de seu documentário Cabra Marcado para Morrer, interrompido pelo golpe de 1964. Em sua homenagem publicamos um pequeno excerto do cordel Um Amor para Lutar – A História de João Pedro e Elizabeth Teixeira, escrito por Josenildo Lima. Esse cordel foi premiado em 2020 pela Lei Aldir Blanc na Paraíba, através do edital Maria Pimentel. Também compartilhamos o link do filme Cabra Marcado para Morrer de Eduardo Coutinho:
https://www.youtube.com/watch?v=4- HBPSqqonU
Um Amor para Lutar
(Josenildo Lima)
Desde cedo essa mulher
Ansiava a igualdade
Até que encontrou João
O sonho de liberdade,
Apesar dos sofrimentos
Ali, viveram momentos
De amor e felicidade
Quando morreu seu marido
Mesmo assim se expôs à luta,
Embora com onze filhos,
Foi árdua sua labuta
Encarando fazendeiros,
Que mantinham prisioneiros
Com a mais cruel conduta.
No ano sessenta e dois (1962)
Feriram seu coração
Com a morte do marido
Sentindo repreensão
Pois tinha abraçado a luta,
Sem temer uma disputa
Entre empregado e patrão.
Nessa vida tão ingrata,
Dos filhos se separou,
Elizabeth fugindo
Só um filho carregou
Que com o pai se parecia
Enfrentando a agonia
Na vida que ela levou
Fugindo da ditadura
No regime militar,
Só por querer igualdade
Teve de se camuflar
Penou dezessete anos
Só fugindo dos tiranos
Que queriam lhe matar.
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