VERDADE PARA 25 MORTOS

 A chacina do Jacarezinho não é uma questão apenas de segurança pública. É um problema político no sentido estrito do termo. Esse massacre foi uma afronta à decisão do STF às operações policiais nas comunidades em um momento em que Bolsonaro escala suas ameaças aos governadores e aos ministros do Supremo. Em momento algum, a Polícia Civil do Rio de Janeiro procurou esconder o massacre. Na coletiva da tarde de 6 de maio, os delegados responsáveis pela operação acusaram o “ativismo judicial” e as entidades de defesa dos direitos humanos de maneira descarada.  Diversos elementos chamam a atenção nessa inusitada operação.

O massacre ocorreu um dia após o ocupante do Planalto se reunir como o governador Castro, do Rio de Janeiro. O governador Castro deu sinais de não saber da operação com antecedência, mas se apressou em defender a ação policial. Houve apenas uma baixa entre os policiais, em um alegado confronto em que morreram, no mínimo, mais 24 pessoas. O policial foi morto com um tiro na cabeça, mas não há notícias de ferimentos em outros agentes na ação do dia 6 de maio. E não há, até o momento descrição oficial das circunstâncias da morte do referido policial.

Foram mobilizados 250 policiais na operação. Operações com 250 combatentes são consideradas de grande porte, mesmo em conflitos de alta intensidade, como nos países que sofreram intervenção do imperialismo estadunidense. O motivo, uma investigação da delegacia especializada de proteção a crianças e adolescentes de que o tráfico estaria aliciando menores de idade, não pode justificar situação excepcional. O tráfico alicia crianças há décadas, sem que nada fosse feito a respeito. Estranha essa preocupação tardia com as crianças, com a polícia do Rio assassinando mais de 100 crianças por ano.

A comunidade do jacarezinho chama a atenção por algumas características. Não há notícias de presença de milícias na comunidade. É área de atuação de facção criminosa do tráfico de drogas. A Cidade da Polícia, complexo-sede das delegacias especializadas da Polícia Civil, é vizinha à comunidade. A desproporção da ação policial é evidente. Na era da internet e dos celulares, diversas imagens vieram a público, tanto realizadas por moradores quanto por policiais. Não há armas ao lado das pessoas mortas, nem sinal de resistência nas casas invadidas. Há vídeos de pessoas executadas mesmo rendidas. Todas as cenas das ocorrências foram desfeitas, com a retirada dos corpos da comunidade em viaturas policiais.

A Polícia Civil, em coletiva na tarde do dia 6, se apressou em julgar e condenar os mortos. Todos criminosos e homicidas. Todos atiraram contra os policiais. Mas em momento algum, houve divulgação da identidade e das acusações contra essas pessoas. Os filhos do atual mandatário se apressaram em louvar a ação policial em suas redes. O vice-presidente Mourão decretou: “tudo bandido”. E o STF teve uma reação tíbia, mesmo confrontado, limitando-se a marcar um julgamento acerca de um plano de redução da letalidade policial. 

Salta aos olhos que a ação de ontem teve objetivos políticos. Afirma o poder da Polícia. Afrontar o STF em linha com as declarações de Bolsonaro. Acuar a facção do tráfico em benefício das milícias. Há o risco do massacre do Jacarezinho abra um novo ciclo de violência em nosso país. O Rio de Janeiro é o estado da federação em que o domínio do crime organizado é mais profunda, onde as chamadas instituições são coniventes da maneira mais explícita com as ações das milícias, onde as ligações criminosas da família presidencial são mais evidentes.

A ação da polícia carioca é parte da escalada de violência política que assola o nosso país. Na impossibilidade de um golpe clássico, Bolsonaro estimula a ação de policiais, milicianos e protofascistas em geral. O genocídio provocado pela guerra biológica levada a termo contra o  povo evidencia que Bolsonaro e os integrantes desse governo tem total desprezo pela vida e pelas pessoas. É preciso barrar agora a escalada de violência e destruição levada a cabo pelo governo Bolsonaro.


• POR VACINA, COMIDA E EMPREGO!

• FORA BOLSONARO E SEU GOVERNO GENOCIDA DE TRAIÇÃO NACIONAL! 

• ABAIXO O ULTRALIBERALISMO! 

• PELO SOCIALISMO!

• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS!


Brasil, 07 de maio de 2021

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