BOTAR O POVO NA RUA E REESTATIZAR A PETROBRÁS PARA CONTER A INFLAÇÃO

 Na semana passada a Petrobrás anunciou novo aumento no preço dos combustíveis: 18,8% para a gasolina, 24,9% para o diesel e 16,1% para o gás de cozinha. O governo Bolsonaro e o chamado “mercado” culpam o conflito entre Rússia e Ucrânia pelo aumento.

Mas a causa para esse novo reajuste tem outro motivo. Desde 2016, a partir da gestão de Pedro Parente na Petrobrás, a empresa adotou uma política de preços baseada no mercado internacional. Apesar de o petróleo ser extraído e refinado no Brasil, o preço do combustível na bomba deve seguir valores internacionais. O resultado é que desde o início de 2021, de acordo com dados da própria Agência Nacional de Petróleo (ANP), a gasolina teve aumento acumulado de 46,5%, o diesel 64,7% e o gás de cozinha 35,8%.

Essa política de preços que trás enormes sacrifícios ao povo atende aos interesses de grandes grupos capitalistas que possuem ações preferenciais da Petrobrás. A empresa se tornou completamente capturada pelos interesses do rentismo. Submetida a uma lógica especulativa que se tornou um dos eixos da acumulação capitalista no Brasil, a Petrobrás é vista pelos parasitas do sistema financeiro como mero instrumento de valorização de ativos e papéis negociados em Bolsa de Valores.

Um dos resultados desses constantes aumentos de preço dos combustíveis se reflete na inflação, que flagela a classe trabalhadora. A inflação oficial acumulada medida pelo IBGE, para 2021, foi de 10,06%. A inflação medida em fevereiro foi de 1,01%, maior variação para esse mês do ano desde 2015. Num cenário econômico marcado por um índice de desemprego que atinge 11,9% dos trabalhadores e por uma informalidade que atinge 48,7% da população ocupada, o resultado é uma queda na renda média mensal. Esta despencou 12,81%, de R$ 2.757 em 2020 para R$ 2.444 em 2021.

É sempre bom lembrar que a espoliação sofrida pela massa trabalhadora é condição sine qua non para deixar os ricos cada vez mais ricos. Em plena pandemia, enquanto o povo amarga o desemprego e a miséria, o número de bilionários brasileiros saltou de 75 para 115 em apenas 1 ano! 

Agravam-se as contradições em nosso país. Estão dadas as condições para o conjunto de a esquerda pautar a luta contra a fome, a miséria e o desemprego. O próprio capital nos tem dado de bandeja as condições para ocuparmos asruas Mas, para isso, é urgente que se convoque o povo à luta. Porém, setores majoritários da esquerda, baseando-se em pesquisas eleitorais, trabalham com um cenário em que a vitória de Lula estaria praticamente assegurada. E com ela a reversão de todas as medidas feitas contra o povo desde o golpe em 2016. 

O problema dessa análise é a de trabalhar com pesquisas eleitorais, que captam tendências de momento. Pesquisas recentes mostram que Bolsonaro já diminuiu sua distância de Lula. Não existe vitória de véspera e achar que se pode ganhar a eleição jogando parado é um equívoco enorme. A rejeição a Bolsonaro não surge espontaneamente, mas precisa ser pautada. 

Além do mais, o caráter conciliador da frente eleitoral construída por Lula, combinado ao cenário devastador provocado pelo ajuste ultraliberal, não nos permite confiar que caso eleito ele reverta todas as políticas antinacionais e antipopulares. Essa reversão só será conquistada com o povo organizado e em luta.

É urgente que a esquerda convoque manifestações contra a inflação e lutar a reestatização da Petrobrás. Seu papel na sociedade brasileira deve ser disputado pelas massas trabalhadoras. Sua função é a de produzir combustíveis e insumos baratos para a sociedade, garantindo nossa soberania energética. Temos de derrotar os interesses dos parasitas do sistema financeiro, que vê na Petrobrás apenas um meio de acumular capital.


• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA 

• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO 

• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL 

• PELO SOCIALISMO 

• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS  


Brasil, 15 de março de 2022




SEÇÃO CULTURAL 


O SAMBA PROTESTA


Carestia, custo de vida, inflação... Seja lá qual for o nome, a classe trabalhadora entende bem o que isso significa: o salário recebido é insuficiente para cobrir as necessidades familiares com comida, roupa, habitação, educação, lazer. A única saída para os trabalhadores é lutar e... cantar. No Brasil, muitos sambistas expressaram suas preocupações sociais em assuntos como racismo, pobreza, inflação, desigualdade, censura, violência, corrupção. Na década de 1970, quando a ditadura dava claros sinais de fadiga, a classe trabalhadora brasileira sofria, tal como hoje, com a carestia e o custo de vida. Ela reagiu a essa situação com muita luta e organização. A cultura não passou incólume a esse cenário. Alguns sambas compostos nesse período refletem esse contexto de alta da inflação e salários baixos, mas ao mesmo tempo de retomada das lutas populares. Para exemplificar trazemos aqui dois sambas gravados nessa época. De Paulinho da Viola destacamos Pode Guardar as Panelas. E de Beth Carvalho escolhemos o samba Virada, um convite ao povo para a luta contra a exploração e a miséria. 


Pode Guardar As Panelas

 (Paulinho da Viola) 


Você sabe que a maré 

Não está moleza não 

E quem não fica dormindo de touca 

Já sabe da situação 

Eu sei que dói no coração 

Falar do jeito que falei 

Dizer que o pior aconteceu 

Pode guardar as panelas 

Que hoje o dinheiro não deu 

Dizer que o pior aconteceu 

Pode guardar as panelas 

Que hoje o dinheiro não deu 

Dei pinote adoidado 

Pedindo emprestado e ninguém

emprestou 

Fui no seu Malaquias 

Querendo fiado mas ele negou 

Meu ordenado apertado, coitado, 

engraçado 

Desapareceu 

Fui apelar pro cavalo, joguei na cabeça 

Mas ele não deu 

Para encher a nossa panela, comadre 

Eu não sei como vai ser 

Já corri pra todo lado 

Fiz aquilo que deu pra fazer 

Esperar por um milagre 

Pra ver se resolve essa situação 

Minha fé já balançou 

Eu não quero sofrer outra decepção 


(https://www.youtube.com/watch?v=tZ6 ye8mfAp4) 


Virada 

(Beth Carvalho)


O que adianta eu trabalhar demais 

Se o que eu ganho é pouco 

Se cada dia eu vou mais pra trás 

Nessa vida levando soco 

E quem tem muito 

Tá querendo mais 

E quem não tem tá no sufoco 

Vamos lá rapaziada 

Tá na hora da virada 

Vamos dar o troco 

E falei 

Vamos lá rapaziada 

Tá na hora da virada 

Vamos dar o troco 

Vamos botar lenha nesse fogo 

Vamos virar esse jogo 

Que é jogo de carta marcada 

O nosso time não está no degredo 

Vamos à luta sem medo 

É hora do tudo ou nada 


(https://www.youtube.com/watch?v=eu7 JL8Eu3a0) 

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