MOBILIZAR E POLITIZAR O POVO PARA DERROTAR A AMEAÇA PROTO-FASCISTA
As classes dominantes elegeram Bolsonaro em 2018. Teve o apoio da maior parte da fração financeira da burguesia – com exceção de alguns setores da grande finança e dos industriais, em um movimento aparentemente suicida. Assim como do agronegócio em peso e foi apoiado pelo grande comércio, ancorado em importações da China. Foi o candidato dos setores “emergentes”, garimpeiros, milicianos, mercadores da fé, desmatadores, grileiros. Sem contar o apoio decidido que recebeu daqueles que usam farda e toga, generais, juízes, membros do Ministério Público, policiais. Afora a aprovação por parte da mídia tradicional.
Na presidência, o ex-capitão realiza governo desastroso em todas as áreas. Instalou quadrilhas nos ministérios, de coronéis ladrões no Ministério da Saúde a falsos pastores no Ministério da Educação, passando por representantes do Centrão em diversas áreas. O Ministério da Economia, com o banqueiro Paulo Guedes, o Banco Central, no BNDES e Banco do Brasil e a Petrobrás e a Eletrobrás seguem sob controle de agentes do mercado financeiro, independente do almirante ou do general de plantão no Ministério das Minas e Energia e na Petrobras.
Nunca o tal “mercado” ganhou tanto dinheiro. A política de preços da Petrobras e da energia elétrica leva dinheiro de todo o povo direto para os bolsos dos financistas. A privatização de pedações da Petrobras faz os fundos financeiros, boa parte deles sediados em Nova York e Londres, engordarem, como o BTG, do impávido Guedes e de André Esteves. O governo Bolsonaro promove uma brutal concentração de renda e riqueza.
Os deputados do Centrão tomaram conta da parte do orçamento que não vai para o serviço da dívida pública. São 3 bilhões de reais de gastos não comprovados na Codevasf. Construção de 2.000 escolas fantasmas, achaques nas prefeituras, os exemplos são inúmeros.
Bolsonaro deu tudo que o agronegócio pediu. Liberação da grilagem, desmonte da proteção ambiental e da política indígena, registro dos mais perigosos agrotóxicos, paralisação das desapropriações de reforma agrária. Desmontou os estoques reguladores e permitiu que os alimentos fossem exportados, não sobrando nada para o povo.
Como o capitão é um produtor de crises, e hostiliza abertamente a Rede Globo, alguns setores ensaiaram uma terceira via. Moro, provavelmente a mando dos serviços de inteligência dos EUA, ensaiou uma campanha presidencial, morta de maneira lamentável. Doria, o outro candidato “competitivo” da terceira via, não resistiu aos caciques do União Brasil, PSDB e do temerismo. Tentam algo ainda com o ex-governador do Rio Grande do Sul, mas por enquanto só Bolsonaro segue como candidato viável da direita.
Pouco a pouco, os setores dominantes se recompõem com o capitão. A linha é dada pelo irmão do norte. Joe Biden recebeu na Casa Branca o embaixador brasileiro Nestor Foster, o mesmo que aconselhou o capitão a apostar em Trump até o fim. Em tempos de guerra, os EUA diminuem a seletividade de seus aliados e até o capitão lhes parece útil para garantir a hegemonia na América Latina.
A maioria do povo rejeita Bolsonaro. A situação econômica e social se deteriora. A inflação de março é um sinal do que inda está por vir. Porém, a maioria da esquerda insiste em subestimar o bolsonarismo e a política de terra arrasada da burguesia brasileira. As eleições de 2022 não serão decididas no voto, exclusivamente. Alckmin não garante passe livre nas classes dominantes. Ou se mobiliza e politiza agora, ou poderemos assistir a consolidação do fascismo no Brasil.
• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA
• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO
• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL
• PELO SOCIALISMO
• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS
Brasil, 12 de abril de 2022
SEÇÃO CULTURAL
50 ANOS DA GUERRILHA DO ARAGUAIA
Nesse 12 de abril, se completa 50 anos do início da Guerrilha do Araguaia. Foi a maior jornada da luta armada contra a ditadura. Os guerrilheiros resistiram por quase três anos às forças da repressão, muito superiores em recursos. A censura da ditadura militar cercou a guerrilha de um cortina de silêncio. Sua existência era conhecida apenas por pequenos círculos quando ocorreu. Publicações do PCdoB tentavam furar o bloqueio de informações imposto pela ditadura. Em fins da década de 70, apareceu um livreto de poemas, assinado por Libério de Campos, impresso em mimeógrafo. Aparentemente uma coletânea de poemas compostos por guerrilheiros, o livreto é um testemunho de uma época e de como se deu a resistência à ditadura militar. Segue a Canção das Forças Guerrilheiras do Araguaia.
CANÇÃODAS F. G. A.
Não somos do norte
nem somos do sul
Nossa geografia
É um sopro de liberdade
O verde invadiu nossos olhos
Verde a floresta
e verde a nossa certeza
Nos novos frutos da terra
Decerto que há fuzis
muitos mortos, muitos nossos
há os do ofício do não
Entre o povo e a madrugada
Decerto que há um muro de homens
verdes(verde-velho, verde-lodo)
entre nós – entre o povo –
e a madrugada
Mas (antes de tudo)
é preciso que se faça o dia
e se as nossas águas, nosso fogo
vão dar no dia
que noite nos deterá?
Decerto não fizesse escuro
deitaríamos os fuzis
no leito do Araguaia
E passaríamos a cantar
Uma flor, uma floresta: esta
Mas que flor de mais cantigas
De liberdade buscada?
Não somos do norte
nem somos do sul
Nossa geografia
são as pétalas da madrugada
Segue o link do livreto de poemas completo:
http://www.dhnet.org.br/verdade/rn/co mbatentes/glenio/primeiras_cantigas/ind ex.htm#cantar
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