OS TRABALHADORES ESTÃO EM LUTA

 Nas últimas semanas temos assistido a classe trabalhadora brasileira se movimentar em importantes lutas. No Rio de Janeiro, os garis fizeram uma greve de 11 dias e arrancaram um reajuste de 6% retroativo a março, mais 2% em agosto, a implantação de um Plano de Carreira, Cargos e Salários e garantia de adicional de insalubridade para os agentes de preparos de alimentos. Já os metalúrgicos da CSN de Congonhas/MG estão em luta por PLR e aumento real dos salários. Isso chamou a atenção dos metalúrgicos da CSN da tradicional siderúrgica de Volta Redonda/RJ, que está há dois anos sem reajuste, enquanto o lucro patrimonial da empresa, também nos últimos dois anos, aumentou 300%. A luta dos metalúrgicos de Volta Redonda, que pleiteia 30% de reajuste salarial e rejeita os 8% oferecidos pela empresa, atropelou a direção pelega do sindicato. Do mesmo modo temos assistido manifestações de trabalhadores de aplicativo como Uber, iFood, 99 e Rappi, que protestam contra os baixos valores pagos por corrida e, no caso do Uber, as altas taxas pagas pelos trabalhadores à empresa. 

Essas mobilizações expressam a insatisfação de segmentos da classe trabalhadora com a situação cada vez mais degradante das condições de vida. A renda média recebida pelos trabalhadores é um bom parâmetro. Em 2021, a renda média de quase 34 milhões de trabalhadores brasileiros, o equivalente a 36,7% da população ocupada, ficou abaixo de 1 salário mínimo. Em 2012, essa faixa de rendimento da população ocupada era de 33,07%. Em 2021, a renda média dos trabalhadores que ganham entre 1 e 2 salários mínimo, representa 34,40% da população ocupada. Em 2012, essa faixa representava 35,65% da população. Já os trabalhadores que ganham acima de 2 salários mínimos, sem em 2012 eram 31,3% da população ocupada, em 2021 representam 28,8%. Se em 2012 68,71% da população ocupada ganhava até 2 salários mínimo, em 2021 alcança 71,15%.

É preciso considerar que em dezembro de 2012, o salário mínimo legal era de R$ 622,00, e o salário mínimo necessário calculado pelo Dieese fechou o ano em R$ 2.561,47. Temos aí uma diferença de 4,12 vezes. Já em 2021, enquanto o salário mínimo legal era de R$ 1.100,00, o necessário fechou o ano em R$ 5.800,98, diferença de 5,27 vezes. Desde março de 2020, quando começou oficialmente a pandemia no Brasil, a renda média caiu 4,2% e a cesta básica hoje está 50% mais cara do que em 2020. Em suma, o rendimento médio se tornou ainda mais incapaz de cobrir os gastos necessários à reprodução das condições de vida. Há um visível aumento da superexploração das massas trabalhadoras. Há um achatamento dos salários abaixo do salário mínimo legal, que nas condições brasileiras já está muito abaixo do mínimo necessário!

Enquanto isso, os quatro maiores bancos, em comparação com 2019, viram seus lucros saltar de R$ 81,5 bilhões para R$ 81,6 bilhões em 2021. Já o lucro das empresas de capital aberto, com ações negociadas em bolsa, saltou 235% em 2021 em relação a 2020 e 116% em relação a 2019. Em 2021, a Petrobrás teve um lucro líquido recorde de R$ 106 bilhões, devido a política de preços da empresa, ancorada no preço internacional do barril, que atende os interesses dos seus acionistas ao elevar o preço do combustível na bomba. A Petrobrás pagou aos seus acionistas R$ 101,4 bilhões em dividendos. A União ficou com R$ 37,3 bilhões, enquanto os parasitas privados ficaram com R$ 64,1 bilhões.

Com um governo tão favorável aos seus interesses, o grande capital já sinaliza um apoio quase em bloco à candidatura do genocida. A candidatura de Lula se ilude e ilude muita gente ao crer que ter Alckmin como vice acalmaria o mercado e provocaria um racha em seu interior. Isso não se consumou, ensinando às massas trabalhadoras que, sem abrir mão da participação eleitoral, seu terreno decisivo continua sendo as lutas.


• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA 

• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO 

• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL 

• PELO SOCIALISMO 

• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS 


Brasil, 19 de abril de 2022





SEÇÃO CULTURAL


26 ANOS DO MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS 


Em 17 de abril de 1996, na cidade paraense de Eldorado dos Carajás, ocorreu um dos maiores massacres perpetrados pelo latifúndio e o Estado brasileiro contra o povo: o massacre de 21 trabalhadores rurais sem terra. A comoção causada pelo massacre colocou a pauta da Reforma Agrária na agenda política. Um ano após o massacre, chegava à Brasília, após dois meses de caminhada, a Marcha Nacional pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça, que saiu de três pontos diferentes do país. A recepção ao sem terra em Brasília reuniu mais de 100 mil pessoas, numa importante manifestação que, além de destacar a pauta da reforma agrária, representou um repúdio ao projeto neoliberal aplicado naquele momento pelo governo FHC. O dia 17 de abril também foi transformado em Dia Mundial de Luta pela Terra. Em memória aos sem terra assassinados publicamos aqui a letra e o vídeo da música Assentamento, composta por Chico Buarque. Também publicamos o link de uma matéria feita pelo jornal Brasil de Fato sobre o massacre de Eldorado dos Carajás.


Assentamento

(Chico Buarque) 


Quando eu morrer, que me enterrem 

Na beira do chapadão 

Contente com minha terra 

Cansado de tanta guerra 

Crescido de coração 


Zanza daqui, zanza pra acolá 

Fim de feira, periferia afora 

A cidade não mora mais em mim 

Francisco, Serafim

Vamos embora

Embora


Ver o capim 

Ver o baobá 

Vamos ver a campina quando flora 

A piracema, rios contravim 

Binho, Bel, Bia, Quim, 

Vamos embora 


Quando eu morrer 

Cansado de guerra 

Morro de bem com a minha terra 

Cana, caqui 

Inhame, abóbora 

Onde só vento se semeava outrora 

Amplidão, nação,sertão sem fim 

Oh, Manuel, Miguilim 

Vamos embora 


(Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=jDLj FJh1zPM) Segue aqui o link da matéria publicada pelo jornal Brasil de Fato: https://www.youtube.com/watch?v=kPx HHpypM0s

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