PAUTAR A REJEIÇÃO DE BOLSONARO NAS RUAS

 É perceptível a reação do bolsonarismo à queda de popularidade do capitão genocida. Mesmo diante do desastre representado por seu governo, Bolsonaro consolida a segunda posição nas recentes pesquisas eleitorais. Impera no chamado campo progressista, que nada mais é do que a esquerda liberal, perplexidade com o avanço na intensão de votos de Bolsonaro. Esse segmento político acredita que o desastre econômico causado pela agenda ultraliberal, combinado com a gestão criminosa da pandemia, por si mesma seria suficiente para gerar a consciência do quão nefasto é esse governo aos interesses populares.

Porém, o liberalismo de esquerda, preso ideologicamente espontaneísmo organizativo, é incapaz de entender que a rejeição ao governo para ser robusta, requer alguém que a organize. Requer que essa rejeição seja pautada nas ruas através do movimentos de massa da classe trabalhadora. As massas trabalhadoras fazem o seu aprendizado político na luta concreta. A consciência de classe não surge por uma ascese que desce dos céus e baixa no espírito dos trabalhadores. Ela surge na luta e na organização coletiva.

Em 2021, as grandes manifestações de massa convocada pela Frente Povo Na Rua, engrossadas por outras forças políticas de esquerda, deu vazão ao enorme sentimento de revolta com a catástrofe representada pelo governo Bolsonaro. Apresentou-se naquele momento as condições políticas para a esquerda em seu conjunto retomar a iniciativa política. Não resta dúvida de que as manifestações não era perfeitas e apresentavam debilidades políticas. Mas sua superação requeria o debate franco rumo a corrigi-las e permitir um avanço da luta.

Contudo, as forças majoritárias da esquerda optaram por retirar o povo da rua. Alegaram sem representar justificativas de que as manifestações teriam batido no teto. Espaçaram o calendário de mobilizações. Não as aproveitaram para criar um calendário de lutas populares. E forçaram a barra em criar uma tal de "Frente Ampla" com setores ultraliberais como o MBL, Tábata Amaral e Mandetta,  que além de não agregarem ninguém ajudaram na desmobilização iniciada no final de Junho. Ao sair das ruas se abriu o espaço para o bolsonarismo, naquele momento acuado, retomar a iniciativa e até ensaiar em Golpe de Estado em 7 de Setembro passado.

O cenário que enfrentamos hoje, com uma esquerda que opera no módulo-eleição, é a de facilitar o crescimento de Bolsonaro. Mesmo diante do desastre do seu governo, com 12 milhões de desempregados e outros 20 milhões sem ter literalmente o que comer, o capitão genocida ainda mantém um apoio nada desprezível. A esquerda brasileira precisa reocupar as ruas e pautar a difusa rejeição a Bolsonaro.

Diante da fome que assola milhões de brasileiros e brasileiras é urgente organizar uma campanha de denúncia e mobilização contra um flagelo que acontece n país do "agro é pop". É preciso começar agora a organização de um poderoso 1º de Maio, dia internacional de luta da classe trabalhadora, como ponto de partida da retomada das mobilizações que pautem o Fora Bolsonaro e organizem a rejeição ao seu governo. É na luta que a consciência avança nas massas trabalhadoras. 


• CONTRA O DESEMPREGO E O CUSTO DE VIDA 

• IMPEACHMENT E CADEIA PARA BOLSONARO 

• ABAIXO O AJUSTE ULTRALIBERAL  

• PELO SOCIALISMO 

• TODO O PODER ÀS MASSAS TRABALHADORAS 


Brasil, 22 de março de 2022

  




SEÇÃO CULTURAL


A CULTURA POPULAR E A LUTA POR MORADIA


Na semana passada, movimentos populares de luta pela moradia foram às ruas pedir que o STF prorrogue os despejos por mais 90 dias, suspensos até o próximo dia 31 de março. Em todo o Brasil são 123 mil famílias ameaçadas de irem para o olho da rua. Esse cenário dramático reflete a maneira como a classe dominante tratou a ocupação do solo e rural no país. No caso das cidades, a rápida industrialização e urbanização que necessitava de abundante oferta de força de trabalho não converteu, em poucas décadas, em um país urbano. Quem sofreu com essa intensa migração foi a classe trabalhadora. A burguesia logo viu no comércio dos terrenos urbanos uma forma de ganhar dinheiro e explorar o povo, que se tornou vítima da especulação imobiliária. Combinada a ausência de uma política habitacional, passou a sofrer com a falta de moradia e os aluguéis altos. Muitos foram obrigados a morar em áreas afastadas e longínquas do centro e sem acesso a serviços públicos, ao lado de córregos ou em encostas, sofrendo com deslizamentos de terra. A cultura popular não deixou de refletir essa realidade. Na literatura, Carolina Maria de Jesus, em seu livro Quarto de Despejo, expôs cruamente o que era a vida em uma favela e como sofrem os segmentos mais vulneráveis da massa trabalhadora paulistana, em sua maioria negros. |Na música, o principal porta-voz dessa realidade foi Adoniran Barbosa, cujos sambas de sotaque italianado expunham a situação difícil daqueles que não tinham um canto para morar e eram expulsos pela especulação imobiliária. Publicamos aqui o link e a letra da música Saudosa Maloca (https:/www.youtube.com/watch?v=CIMUe2uBQ)

Saudosa Maloca (Adoniran Barbosa)

Se o senhor não está lembrado
Dá licença de contar
Que aqui onde agora está
Esse edifício alto
Era ima casa velha um palacete
abandonado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mais um dia nem quero me lembrar
Veio os homens com as ferramentas
O dono mando derruba
Peguemo 'toda' nossas coisas
E fumos pro meio da ruas
Apreciar a demolição
Que tristeza que eu sentira
Cada táuba que caia 
Doía no coração 
Mato Grosso quis gritar 
Mas em cima eu falei
Os homens está 'cá razão'
Nós arranja outro lugar 
Só se conformemos quando o joca falou
"Deus dá o frio conforme o cobertor"
E hoje nós pega a paia nas grama do jardim
E pra esquecer nós cantemos assim
Saudosa maloca, maloca querida
Que din donde nós passemos dias feliz nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Que din donde nós passemos dias feliz nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida

Comentários

Postagens mais visitadas