CONQUISTAR A SEGUNDA E DEFINITIVA INDEPENDÊNCIA: POPULAR E SOCIALISTA

         Neste 07 de setembro comemoramos o bicentenário da nossa Independência, conquistada em 1822. De todas as lutas independentistas que varreram a América Latina no começo do século XIX, a brasileira foi a mais conservadora e reacionária. Foi dirigida por uma classe de grandes proprietários de terra e comerciantes de “grosso trato”, cujo objetivo era o de deixar de ser colônia portuguesa, mas sem alterar a relação de produção escravista baseada justamente na grande propriedade agrária e na escravização. 

             Segundo dados do IBGE, entre 1531 e 1850, entraram no Brasil mais de 4 milhões de africanos escravizados. Entre 1821, um ano antes da Independência, e 1850, quando cessa definitivamente o tráfico de escravizados, entraram 1.232.400 africanos. Isso significa que os 30 anos que sucederam a Independência responderam por 30% do total de africanos traficados em mais de 300 anos! Tivemos uma Independência feita para e pelas classes dominantes, que aprofundou o regime escravista. O povo foi excluído e quando tomou parte, como nas lutas contra o exército português na Bahia, que lhes impôs derrota e fuga vexatória em 02/07/1823, foram apagadas pela historiografia oficial. Prevaleceu a imagem de que um simples grito à beira de um remoto riacho na província de São Paulo teria sido suficiente para se cortar os laços coloniais.

        É essa Independência, reacionária e conservadora, que explica como a classe dominante optou, como saída política da condição colonial, pela excrescência de um regime imperial que entronou o herdeiro da coroa portuguesa como Imperador. Essa solução foi única nas lutas de independência da América Latina, que optaram por regimes republicanos.
          
          A condição original de nossa Independência repercutiu nos eventos históricos posteriores. A nossa vida como nação independente está marcada desde 1822, por mais que mudem as relações de produção e as formas de Estado, pela dependência ao capital externo, pelo domínio das oligarquias agrárias e urbanas, pela superexploração e pela autocracia política, mesmo sob condições formalmente democráticas.

         Neste bicentenário o povo brasileiro, essa massa de trabalhadores e trabalhadoras que labutam dia-a-dia para garantir sua sobrevivência e que carregam o país nas costas, não tem nada a comemorar. Com o golpe de 2016, aprofundou-se um projeto de nação que, tal qual na Independência, é feito para e pelas classes dominantes. O que mudou foi a condição da classe trabalhadora, que se tornou escravos modernos, agora sob o regime assalariado. Por isso se aprofundou a superexploração do povo e a subordinação do Brasil ao capital financeiro internacional e nacional.
            
            Uma Segunda e Definitiva Independência precisa ser conquistada. Mas essa tarefa não terá, nem como força principal e nem como força dirigente, qualquer facção da classe dominante brasileira. Essa Segunda e Definitiva Independência será uma conquista da luta revolucionária das massas trabalhadoras e estará orientada para a construção do socialismo. Será, sem sombra de dúvida, o evento mais importante e significativo de nossa História. E representará momento inicial da redenção do nosso povo de toda forma de exploração, submissão e miséria. 






SEÇÃO CULTURAL


HINO DO BRASILEIRO POBRE

      Em novembro de 1935 estalou, em unidades militares do Rio de Janeiro, Natal e Recife, uma rebelião militar dirigida por setores progressistas do exército. A rebelião, conhecida como Intentona Comunista, sem apoio das massas trabalhadoras, não passou de uma quartelada derrotada em poucos dias pelo governo Vargas. O erro de avaliação sobre as condições para a rebelião, após o fechamento da ANL (Aliança Nacional Libertadora), permitiu ao governo Vargas emplacar uma dura repressão aos rebeldes e à classe operária. E justificou o fechamento do regime político, desejo nutrido por Vargas desde que tomou o poder em 1930. Agildo Barata, pai do comediante Agildo Ribeiro, esteve entre os líderes da rebelião. Na cadeia, escreveu o HINO DO BRASILEIRO POBRE, que mantém a melodia do Hino Nacional, mas exalta o papel das massas trabalhadoras como principais artífices na construção de um novo país. 



HINO DO BRASILEIRO POBRE


Do Norte, da floresta amazônica
Ao Sul onde a coxilha a vista encanta
A terra brasileira luz dos trópicos
como um coração que bate e canta

Operários, camponeses
Estudantes, funcionários, pés-rapados
Já sofremos mil reveses,
Já cansamos desta vida de explorados!

Punhos cerrados,
Levantados,
Protestemos!


Brasil, terra do lenho cor de púrpura
Que logo coloriu nossas bandeiras
Teu nome és por si vermelha flâmula
Vermelhas são as almas brasileiras!
 
De pé, formosa e brava mocidade,
De clara inteligência e fortes músculos,
Lutemos por Pão, Terra e Liberdade,
Vem, camarada
Libertador para o fragor da barricada
O verbo, o canto, o braço e o fuzil
Pelo nosso Brasil!
 
O vento da revolta varre a América
Os negros, os indígenas, os párias
Mineiros, lenhadores e marítimos
Enfim, todas as massas proletárias
 
Despertai, trabalhadores
Que esta terra tão bondosa e tão clemente
Foi tomada por feitores
Que venderam e expulsaram nossa gente
 
Punhos cerrados,
Levantados,
Protestemos!
 
Abaixo os mercenários, os facínoras
Lacaios dos patrões imperialistas
Lutemos contra todos os políticos
Vendidos às nações imperialistas!
 
Soldados, operários, marinheiros,
Erguendo luz do sol sanguínea flâmula
Tornemos o Brasil dos brasileiros
 
Vem, camarada
Libertador para o fragor da barricada
O verbo, o canto, o braço e o fuzil
Pelo nosso Brasil!

















































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































 










































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































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